A Síndrome do Impostor

McKaughan

 Ocasionalmente, me deparo com uma frase curta que resume um dos sentimentos que tenho carregado no íntimo há vários anos e nunca realmente reconheci nem falei a respeito. Não saberia como expressar essa emoção em palavras, mas ali estava ela, descrita diante de mim.

Eu estava lendo um livro de Marcus Buckingham, cujo título parecia um tanto quanto pretensioso: “A única coisa que você precisa saber sobre excelência de gerenciamento, liderança e sucesso individual sustentável”. O livro tinha sido um presente de um dos líderes de nossa equipe, jovem e inteligente. Então, lá estava eu, tentando extrair um pouco de conhecimento de um pesquisador, consultor e escritor bastante criativo. Já tinha lido os capítulos sobre gerenciamento e liderança, e estava na parte que tratava de desenvolvimento pessoal. Foi ali que encontrei a frase que expressava algo que senti durante toda minha vida como líder.

Buckingham deu a isso o nome de Síndrome do Impostor: “A suspeita de que não somos tão bons quanto as pessoas dizem, que nosso sucesso pode ter sido acidental e talvez não consigamos repetir os mesmos resultados”. Imediatamente, reconheci aquele sentimento profundo e inquietante que havia se instalado nos recônditos mais escuros de minha mente. Meu temor secreto é que, se outros realmente souberem o quanto sou limitado, nunca irão me aceitar como líder, e assim me sentirei como um impostor.

Conheço muito bem as verdades espirituais e teológicas sobre a soberania de Deus e o chamado e a capacitação do Espírito Santo. Já apliquei essas verdades bíblicas muitas vezes em “conversas mentais” para estimular minha coragem, aumentar minha fé e, ao mesmo tempo, tentar fugir da profunda sensação de que não sou qualificado para a tarefa de liderar. No entanto, é muito difícil trabalhar com pessoas que parecem estar mais seguras em sua caminhada com Deus do que eu mesmo. Elas aparentam ser mais inteligentes. Algumas têm mais disposição e se empenham muito mais do que eu consigo. E, no entanto, estranhamente, essas pessoas ainda buscam em mim, o “impostor”, algo que eu não tenho certeza se possuo para oferecer, ou que, às vezes, não sei como conseguir.

Todos nós experimentamos a graça de Deus. Afirmamos depender dele a cada instante. Quando estamos diante de um novo projeto ou de uma crise, se temos um mínimo de percepção, saberemos exatamente o quanto aquela tarefa está além de nossa capacidade. Percebemos que sem o Senhor não conseguimos realizar nada verdadeiramente duradouro. Assim, clamamos constantemente a Deus em busca de força e ajuda. Ele nos atende, coisas boas acontecem e geralmente não sabemos como. Apesar das bênçãos e da provisão divina, a Síndrome do Impostor continua presente, principalmente quando a nova situação se torna rotineira, a crise é controlada e passamos a conhecer melhor o trabalho.

Por que isso acontece? Embora eu dependa da graça de Deus para minha salvação e para solucionar as questões mais difíceis, normalmente penso estar sozinho tendo que lidar com todas as situações que não parecem necessitar de um toque sobrenatural, e com problemas que não são grandes o suficiente para exigir a atenção do Todo-Poderoso. Já sou um adulto experiente, e deveria ser capaz de lidar com os acontecimentos rotineiros da vida. Certo? Errado!

Temo não crer realmente em Jesus quando ele afirma: “Sem mim nada podeis fazer”. Minha natureza humana geralmente afirma: “Sem ele eu não consigo realizar os feitos mais difíceis”. A “síndrome do impostor” realmente se manifesta quando tenho expectativas a respeito de mim mesmo que Deus não compartilha. Entretanto sinto um alívio maravilhoso quando me dou conta de que sua graça me é suficiente, e não minhas habilidades.

Na verdade, eu deveria desenvolver a “síndrome da graça divina”. A “síndrome do impostor” só deveria surgir quando eu passasse a depender de mim mesmo. Quando ela se manifesta, em vez de me sentir inseguro, busco consolo em minha falta de capacidade e sou fortalecido pela graça de Deus, pois a Bíblia afirma que “o poder é aperfeiçoado na fraqueza”.

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