O segredo da vitória consiste em termos a motivação certa. É preciso ter um rei por quem lutar. Naturalmente, precisamos ter certeza de que aquele por quem lutamos é o rei certo. Porque a história da humanidade está repleta de liderados fiéis que morreram lutando por líderes indignos. Essa é uma realidade trágica. Uma escolha ruim pode acarretar desperdício da vida inteira.
Davi mostrou ser um rei a quem compensava servir. Quando os valentes retornaram de sua missão, ele se recusou a beber a água que haviam trazido. Entendeu que um capricho não poderia custar a vida de três homens. Ao contrário de tantos que exercem o poder, Davi não via as pessoas como meios a serem usados para atingir seus fins. Ele considerou que a água daquele copo simbolizava o sangue de seus servos. E como todo sangue pertencia a Deus, Davi derramou a água perante o Senhor. Não é de admirar que os súditos daquele rei o amassem!
Os livros de História contam um relato que guarda semelhança com narrativa bíblica. Dizem que quando Alexandre, o Grande, atravessava um deserto com seu exército, foi visitado por alguns líderes locais que lhe ofereceram água a fim de cair em suas graças. Mas Alexandre se recusou a beber, afirmando que a quantidade de água era insuficiente para saciar todos os seus soldados, e que se os seus homens não iriam beber, ele também não beberia.
Mas a atitude de Davi, ao contrário da de Alexandre, teve um significado profético. Diz o texto que o rei tomou a água e “derramou-a perante o Senhor”. Séculos mais tarde, um descendente de Davi – Jesus Cristo, nosso Rei – derramaria sangue e água em favor dos seus seguidores (João 19.34). Nas palavras do profeta, ele “derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu” (Isaías 53.12). Não haveríamos, então, de amá-lo?
Podemos enxergar um simbolismo messiânico naquele que derramou a água trazida pelos soldados, e também na água em si. O líquido vertido perante o Senhor veio do poço de Belém. A nascente, localizada na entrada da cidade, existe até hoje, e é conhecida como a “Fonte de Davi”. Há cerca de dois mil anos, outro manancial brotou naquela cidade. Jesus Cristo, a fonte de águas vivas, é a Água que dessedenta, vivifica e faz brotar sonhos. Em Belém, a Água Viva veio ao mundo, e desde então não parou de fluir. Do interior dos que seguem a Cristo correm rios de água viva (João 7.38).
A água vertida por Davi representou, profeticamente, a vida derramada por Jesus. O mesmo significou o unguento derramado por Maria: lembramos do caro caso de alabastro que foi quebrado para o precioso nardo pudesse fluir (João 12.3). Não precisamos ter medo de viver e morrer por Cristo, porque ele já provou que é um Rei confiável. Jesus é merecedor da nossa devoção, tanto por seu poder quanto por seu amor. Ele pensou em nós antes de pensar em si. Foi quebrado e derramado por nós. Por isso, podemos nos quebrantar e nos derramar diante dele.
A excelência de Cristo lança por terra qualquer receio de lhe devotarmos a vida. O fato é que o ser humano foi criado para a adoração. É algo que está em sua natureza. Se não nos prostrarmos perante o Rei dos reis, idolatraremos coisas, pessoas, ideias ou sensações. É disso que o Senhor busca salvar-nos. Nas palavras de John Piper: “A razão pela qual Deus busca nosso louvor não é porque ele esteja incompleto até obtê-lo, mas porque nós não seremos completos até louvarmos. Isso não é arrogância. É amor”.